A Ciência Por Trás dos Memes e do Conteúdo Viral: Por Que Algumas Coisas “Bombam” e Outras Não?

Você já parou para pensar por que aquele vídeo de gatinho tocando piano se tornou um conteúdo viral, enquanto seu post super elaborado sobre um assunto importante mal recebeu curtidas?

Ou por que, de repente, todo mundo está compartilhando o mesmo meme sobre um acontecimento do dia?

Se você acha que é tudo questão de sorte, prepare-se para uma revelação: existe uma verdadeira ciência por trás do conteúdo viral!

Isso mesmo, aquela figurinha engraçada que você recebeu no grupo da família não chegou até você por acaso.

Por trás de cada meme que se espalha como fogo em palha seca nas redes sociais, há padrões, fórmulas e gatilhos psicológicos que fazem nosso cérebro dizer: “Preciso compartilhar isso AGORA!”



O Que Faz Algo Viralizar? A Fórmula STEPPS

Segundo Jonah Berger, professor de marketing da Universidade da Pensilvânia e autor do livro “Contágio: Por que as coisas pegam”, existem seis fatores principais que determinam se um conteúdo vai viralizar ou morrer no esquecimento digital. Ele criou o acrônimo STEPPS para facilitar a memorização:

S – Social Currency (Moeda Social): Compartilhamos coisas que nos fazem parecer mais inteligentes, informados ou legais. É como aquela sensação de “eu vi isso primeiro” ou “olha que legal o que eu descobri”. Quando você compartilha algo que impressiona os outros, seu status social aumenta.

T – Triggers (Gatilhos): São associações que fazem as pessoas lembrarem do seu conteúdo. Por exemplo, a música “Sexta-feira” de Rebecca Black viralizou porque, bem… toda sexta-feira alguém lembrava dela! Gatilhos mantêm seu conteúdo na mente das pessoas.

E – Emotion (Emoção): Conteúdos que provocam emoções fortes – seja riso, raiva, surpresa ou emoção – têm muito mais chances de serem compartilhados. É por isso que vídeos de “resgates emocionantes” ou “pranks hilários” dominam as redes.

P – Public (Público): Quanto mais visível for um comportamento, mais ele será imitado. É o famoso “efeito manada”. Se todo mundo está falando sobre algo, você também vai querer participar para não ficar de fora.

P – Practical Value (Valor Prático): Compartilhamos coisas úteis para ajudar os outros. Tutoriais, dicas de economia, truques de cozinha – conteúdos que resolvem problemas reais têm alto potencial viral.

S – Stories (Histórias): Humanos são programados para amar histórias. Quando seu conteúdo conta uma narrativa envolvente, as pessoas não apenas consomem a informação, mas se sentem parte dela e querem passá-la adiante.

Meme Cripto

Memes: Os Genes da Cultura Digital

Você sabia que o termo “meme” foi criado muito antes da internet? Em 1976, o cientista Richard Dawkins usou essa palavra em seu livro “O Gene Egoísta” para descrever como ideias, comportamentos e estilos se espalham de pessoa para pessoa dentro de uma cultura – quase como genes, mas culturais!

Na definição original, um meme é qualquer unidade de informação cultural que se replica e se espalha. Pode ser uma melodia, uma frase de efeito, uma moda ou, claro, aquela imagem do gatinho assustado que todo mundo usa para expressar surpresa.

Com a internet, os memes ganharam superpoderes. Eles agora se espalham, evoluem e se transformam em velocidade recorde.

A especialista Limor Shifman define os memes modernos como “um grupo de textos com características compartilhadas, como forma, conteúdo e postura”.

E não pense que memes são apenas diversão sem propósito. Eles são verdadeiros termômetros sociais:

  • Em países com censura, memes são usados para compartilhar ideias subversivas de forma disfarçada
  • Comunidades marginalizadas usam memes para criar identidade coletiva e senso de pertencimento
  • Memes sobre saúde mental ajudam pessoas a expressarem experiências difíceis de verbalizar
  • Eventos globais como pandemias, eleições e guerras são processados culturalmente através de memes

Por Que Seu Conteúdo Não Viraliza (E Como Mudar Isso)

Se você está tentando criar conteúdo viral e não consegue, talvez esteja ignorando alguns princípios fundamentais:

  1. Autenticidade vence produção: Um vídeo amador genuíno e emocionante tem mais chances de viralizar do que uma produção cara sem alma. As pessoas confiam mais em conteúdo que parece real e não manipulado.
  2. Timing é tudo: Postar sobre um assunto quando ele já esfriou é garantia de fracasso. O conteúdo viral geralmente cavalga a onda de um tema que está em alta naquele exato momento.
  3. Simplicidade é amiga da viralização: Conteúdos complexos demais exigem muito esforço mental para serem processados e compartilhados. Os memes mais populares são aqueles que comunicam uma ideia de forma instantânea.
  4. Comunidade importa: Conteúdos que reforçam a identidade de um grupo têm mais chances de circular dentro dele. É por isso que memes de programadores fazem sucesso entre programadores, mas podem ser incompreensíveis para o resto do mundo.
  5. O poder do inesperado: Nosso cérebro é programado para prestar atenção em coisas surpreendentes. Conteúdos que quebram expectativas têm mais chances de capturar nossa atenção e serem compartilhados.

Casos Reais: Quando a Viralização Acontece

Balde de gelo na cabeça

O Vestido Azul e Preto (ou seria branco e dourado?)

Em 2015, uma simples foto de um vestido dividiu a internet: algumas pessoas o viam azul e preto, outras branco e dourado. Por que isso viralizou tanto? Porque combinava vários elementos da fórmula STEPPS:

  • Emoção: Causava espanto e confusão
  • Público: Era fácil participar do debate
  • Moeda Social: Compartilhar sua opinião te colocava no centro da conversa
  • Valor Prático: Pessoas queriam entender a ciência por trás da ilusão de ótica

O Desafio do Balde de Gelo

O que fez milhões de pessoas, incluindo celebridades, jogarem baldes de água gelada na cabeça? Este fenômeno viral de 2014 arrecadou mais de US$ 115 milhões para pesquisas sobre ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica). Seu sucesso se deve a:

  • Público: Era visualmente impactante e facilmente identificável
  • Histórias: Cada vídeo contava uma pequena narrativa
  • Moeda Social: Participar mostrava consciência social e coragem
  • Gatilhos: Cada novo vídeo desafiava outras pessoas, criando uma reação em cadeia

O Japonês que Virou Cachorro

Recentemente, a história do homem japonês que gastou R$ 75 mil em uma fantasia hiper-realista de cachorro viralizou globalmente. Por quê?

  • Emoção: Causa espanto, curiosidade e até um certo desconforto
  • Inesperado: Quebra completamente nossas expectativas sobre comportamento normal
  • Histórias: Há uma narrativa fascinante sobre identidade e sonhos pessoais
  • Debate: Gera discussões sobre limites, identidade e uso do dinheiro

Como Aplicar Essa Ciência ao Seu Conteúdo

Agora que você entende os mecanismos por trás da viralização, pode aplicar esses princípios ao seu próprio conteúdo:

  1. Desperte emoções fortes: Não tenha medo de fazer as pessoas rirem, se surpreenderem ou até se indignarem (com responsabilidade, claro).
  2. Crie conteúdo compartilhável: Pense sempre “isso faria alguém querer mostrar para um amigo?”
  3. Conecte-se a gatilhos do cotidiano: Associe seu conteúdo a coisas que as pessoas veem ou fazem regularmente.
  4. Conte histórias, não apenas fatos: Transforme informações em narrativas envolventes.
  5. Ofereça valor prático: Ajude as pessoas a resolverem problemas reais.
  6. Seja atual e relevante: Conecte-se a conversas que já estão acontecendo.
  7. Simplifique mensagens complexas: Quanto mais fácil de entender, mais fácil de compartilhar.
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A Responsabilidade por Trás do Viral

Com grande viralização vem grande responsabilidade. É importante lembrar que o mesmo mecanismo que espalha memes divertidos também pode propagar desinformação e teorias conspiratórias.

Como criadores e consumidores de conteúdo, temos o dever de verificar informações antes de compartilhá-las e usar o poder dos memes e do conteúdo viral para unir, não para dividir.

Conclusão: A Ciência do Compartilhamento

No final das contas, entender por que compartilhamos o que compartilhamos é entender um pouco mais sobre nós mesmos. Os memes e conteúdos virais são espelhos digitais da nossa sociedade, refletindo nossos valores, medos, esperanças e senso de humor.

Da próxima vez que você se pegar compartilhando aquele meme hilário do gatinho assustado ou o vídeo emocionante de resgate animal, lembre-se: você não está apenas passando conteúdo adiante.

Você está participando de um fascinante fenômeno social que mistura psicologia, antropologia e comunicação moderna.

E se você quer que seu conteúdo seja o próximo hit viral, agora já sabe: não é questão de sorte, mas de ciência. Uma ciência que, como qualquer outra, pode ser estudada, compreendida e aplicada.

Então, o que você vai fazer viralizar hoje?


Fontes:

  • Jonah Berger, “Contágio: Por que as coisas pegam” (Revista PEGN)
  • Richard Dawkins, “O Gene Egoísta” (Canaltech)
  • Limor Shifman, estudos sobre memes digitais (BBC)
  • Pesquisas sobre comportamento de compartilhamento online (PsyArXiv, New Media & Society)

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    Criadora do site, artista multidisciplinar que encontra na criatividade a maior forma de expressão. Seja através do desenho, do crochê, das tatuagens ou dos textos, cada linha, ponto ou traço que faço carrega um pedacinho da minha paixão pela arte.

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