Imagine acordar em um mundo onde ninguém entende você. Todos fogem do seu jeito de ser, julgam sua aparência sem nem mesmo conhecer seu coração. É assim que se sente a criatura de Frankenstein, de Mary Shelley, um dos personagens mais famosos e mal-interpretados da literatura. Mas por que essa história, escrita há mais de 200 anos, ainda nos faz pensar, sentir e até tremer?
A resposta está nas emoções que Mary Shelley colocou em seu livro. Ela não criou apenas um “monstro assustador”; ela criou um símbolo de solidão, rejeição e dos perigos da ambição humana. Hoje, vamos desvendar juntos quem foi esse ser, como nasceu da mente brilhante de uma jovem autora e por que ele continua vivo em nossa cultura.
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Quem Foi Mary Shelley e Como Ela Criou Frankenstein?
Antes de falar do monstro, precisamos conhecer a mulher por trás da lenda. Mary Shelley tinha apenas 18 anos quando começou a escrever Frankenstein. Sim, você não leu errado: dezoito anos! Ela era filha de uma filósofa feminista e de um escritor famoso, mas sua vida não foi nada fácil.
Perdeu a mãe cedo, enfrentou críticas por se apaixonar por um homem casado (o poeta Percy Shelley) e viveu em uma época onde mulheres não eram levadas a sério como escritoras.
Foi durante um verão chuvoso na Suíça, em 1816, que a ideia de Frankenstein surgiu. Mary e seus amigos (incluindo o famoso Lord Byron) desafiaram-se a escrever histórias de terror. Enquanto os outros pensavam em fantasmas, ela teve um pesadelo que mudou tudo: um cientista que dava vida a um corpo feito de partes de cadáveres. Assim nasceu o embrião do livro Frankenstein ou o Moderno Prometeu, publicado em 1818.

A Criatura de Frankenstein: Quem Era o Verdadeiro Monstro?
Aqui está o primeiro segredo: o monstro não se chama Frankenstein! Esse é o nome do cientista, Victor Frankenstein. A criatura nunca recebeu um nome no livro — ela é chamada de “demônio”, “abominação” ou simplesmente “a criatura”. E essa falta de identidade já diz muito sobre sua história.
Victor Frankenstein era um jovem obcecado por desvendar os segredos da vida. Em seu laboratório, ele junta pedaços de corpos e, com uma faísca de eletricidade, traz sua criação à existência. Mas, ao ver o ser que criou, ele fica horrorizado: a criatura é grande, com pele amarelada, olhos fundos e um olhar que paralisa. Victor foge, abandonando-a à própria sorte.
E é aí que a história se torna profundamente triste. A criatura, sozinha e rejeitada, tenta aprender sobre o mundo. Ela descobre a linguagem, a beleza da natureza e até ajuda uma família pobre em segredo. Mas toda vez que tenta se aproximar de humanos, é tratada com violência. Quem é o monstro aqui: o ser rejeitado ou o homem que o abandonou?

Por Que Frankenstein Ainda Nos Fascina?
Você já parou para pensar quantas vezes viu o monstro de Frankenstein em filmes, séries ou até em decorações de Halloween? Ele virou um ícone, mas sua relevância vai muito além da imagem clássica do “gigante com parafusos no pescoço”.
1. Medo do Desconhecido e da Tecnologia
No século 19, a ciência avançava rápido: eletricidade, estudos sobre a vida, experimentos ousados. Mary Shelley questionou: “E se a humanidade brincar de ser Deus?”.
Hoje, trocamos “eletricidade” por inteligência artificial, clonagem ou edição genética. A pergunta continua a mesma: até onde podemos ir sem destruir a nós mesmos?
2. Solidão e Rejeição
Quantas pessoas já se sentiram excluídas por serem diferentes? A criatura de Frankenstein é a personificação dessa dor. Ela só queria amor e compreensão, mas o mundo a tratou como um monstro.
É fácil ver nela um reflexo de quem sofre bullying, preconceito ou isolamento.
3. O Lado Sombrio da Ambição
Victor Frankenstein não era um vilão clássico. Ele tinha boas intenções, mas sua obsessão o cegou. Quantas vezes nós, em busca de sucesso, fama ou conquistas, machucamos quem está ao nosso redor? A história nos alerta: cuidado com o preço de seus sonhos.

Frankenstein de Mary Shelley na Cultura Popular: Do Cinema aos Memes
Se você pensa no monstro como um ser verde, desengonçado e grunhindo, culpe os filmes dos anos 1930! A Universal Pictures criou essa imagem, que pouco tem a ver com o livro. Na obra original, o livro Frankeinstein de Mary Shelley,é uma criatura mais articulada, inteligente e até cita poetas como John Milton.
Mas isso não diminui seu impacto. Frankenstein está em:
- Filmes: Desde adaptações fiéis até comédias como O Jovem Frankenstein.
- Séries: Penny Dreadful e The Frankenstein Chronicles exploram seu legado.
- Música: Artistas como Lady Gaga e Metallica já fizeram referências.
- Memes: Imagens da criatura viraram símbolo de dias “fracassados” ou situações absurdas.
Ou seja, Frankenstein é como um espelho: cada geração vê nele seus próprios medos e questionamentos.
Monstros Clássicos: Quando o Terror Esconde uma Alma Sofredora
Que tal olharmos para outros personagens de terror que, assim como a criatura de Frankenstein, são mais complexos do que parecem? Pegue a pipoca e pense comigo: o que uma múmia enrolada em faixas, o Drácula de capa preta, o Monstro do Pântano coberto de lama e um lobisomem uivando têm em comum com o monstro de Mary Shelley? Todos carregam histórias de dor, maldição e um pedido silencioso por aceitação.
A múmia, por exemplo, não é só um cadáver assustador que sai do sarcófago. Em muitas histórias, ela foi um ser humano amaldiçoado, preso em uma tumba por séculos, buscando vingança ou até o amor perdido. Parece familiar? Assim como a criatura de Frankenstein, ela é um produto de experimentos (ou magias) que deram errado, condenada a viver fora de seu tempo.
Já o Drácula, o vampiro mais famoso do mundo, não é apenas um sugador de sangue. Em algumas versões, ele é um nobre atormentado pela solidão da imortalidade, preso entre o desejo de conexão e a maldição que o transformou. É como se Victor Frankenstein tivesse criado um vampiro: ambos são criadores e vítimas de suas próprias obsessões.
O Monstro do Pântano, menos conhecido, mas igualmente fascinante, é um cientista que, após um acidente, se transforma em uma criatura feita de plantas e lodo. Ele luta para proteger a natureza enquanto é rejeitado pelos humanos. Soa como a criatura de Shelley, que também buscou refúgio na floresta e tentou fazer o bem, mesmo sendo tratado como um monstro.
E o lobisomem? Ah, esse é clássico! Um homem comum que, sob a lua cheia, perde o controle e se transforma em uma fera. Sua maldição é involuntária — assim como a criatura de Frankenstein nunca pediu para ser trazida à vida. Ambos são escravos de uma existência que não escolheram, julgados por algo que não podem controlar.
Mary Shelley, sem querer, abriu a porta para que esses monstros clássicos não fossem apenas figuras de susto, mas espelhos de nossos medos mais profundos: o pavor de ser incompreendido, a culpa por falhas do passado e o desejo de pertencer. Seja em um castelo gótico, em um pântano escuro ou em um laboratório cheio de máquinas estranhas, a lição é a mesma: o verdadeiro terror não está no monstro, mas na forma como o tratamos.

Principais Pontos Atualizados:
- Múmia, Drácula, Monstro do Pântano e Lobisomem compartilham com Frankenstein a dualidade entre terror e tragédia.
- Todos são vítimas de maldições, experimentos falhos ou escolhas alheias, refletindo temas como solidão e rejeição.
- O lobisomem e a criatura de Frankenstein simbolizam a perda de controle sobre a própria existência.
- Esses monstros clássicos desafiam a ideia de “vilão puro”, mostrando que o medo muitas vezes nasce da incompreensão.
Da próxima vez que assistir a um filme de terror, repare: por trás das garras e dos sustos, pode haver um coração tão perdido quanto o nosso
Conclusão: Frankenstein Não É Sobre um Monstro, É Sobre Nós
No final, a grande lição de Mary Shelley é que o verdadeiro monstro pode estar dentro de nós. Não o “ser diferente”, mas a crueldade, o egoísmo e o medo do que não entendemos.
A próxima vez que você ver uma imagem da criatura de Frankenstein, lembre-se: ela não é um vilão. É um símbolo de como tratamos quem é diferente, de como a solidão machuca e de como a ciência sem ética pode nos levar ao abismo. E talvez, ao refletir sobre isso, possamos ser um pouco mais humanos.
Principais Pontos Abordados:
- Mary Shelley escreveu Frankenstein aos 18 anos, inspirada por desafios pessoais e um pesadelo.
- A criatura não é um “monstro” sem razão: ela sofre com a rejeição e busca aceitação.
- A obra discute temas atuais como solidão, ética científica e preconceito.
- Frankenstein permanece relevante porque reflete medos universais e questões humanas.
- A imagem do monstro na cultura popular diverge do livro, mas mantém seu poder simbólico.
Que tal assistir a uma adaptação do livro ou até ler a obra original? Quem sabe você não se vê refletido nessa história…
Autor
Criadora do site, artista multidisciplinar que encontra na criatividade a maior forma de expressão. Seja através do desenho, do crochê, das tatuagens ou dos textos, cada linha, ponto ou traço que faço carrega um pedacinho da minha paixão pela arte.
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